“O que diz
seu coração?”
“Siga o teu
coração.”
“Ouve o que
teu coração tá dizendo.”
Quem nunca
ouviu ou deu tais conselhos?
Mas quem
determinou que o coração é o melhor conselheiro?
Quem garante que ele está
certo?
Se analisarmos todas as vezes que obedecemos aquilo que nosso coração
sugeriu, em quantas delas os resultados foram positivos?
Em quantas delas não
foram?
Immanuel Kant,
filósofo prussiano, entende que viver fazendo escolhas sob o efeito dos sentimentos é ser amoral, uma vez que os afetos são produtos da natureza e não da escolha.
Para ele, a real liberdade só pode ser experimentada quando agimos debaixo do cetro
da razão.
O livro sagrado dos cristãos
também aponta para isso:
Enganosos é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá
conhecer? ( Jeremias 17:9)
Se para
decidir sobre algum assunto eu apelo às emoções, logo não tenho liberdade de
escolha, pois meus sentimentos me controlarão.
Os sentimentos não nascem de nossa
vontade, pelo contrário, eles são espontâneos.
É comum vivenciarmos
experiências em que nosso sentimento e nossa razão não conversam entre si, ou,
pior do que isso, discutem, discordam e ficamos sem saber o que fazer.
Se conseguimos decidir
baseados em nossas escolhas racionais e não afetivas, então sim somos livres, porque temos o poder de agir contra nosso sentimento.
Talvez seja por
esta falta de compreensão que há tantos relacionamentos se desfazendo.
Os casais
costumam viver juntos enquanto há sentimento, enquanto a paixão os domina.
Como
que sob o efeito desta, vivem felizes enquanto o sentimento dura.
Quando o
sentimento acaba, com ele o relacionamento também.
Mas não é a paixão que deve
sustentar um relacionamento. É a maneira de se relacionar que vai permitir – ou
não – que o sentimento seja transformado em amor.
Amor não é um sentimento, ele
é mais maduro e estável do que isso.
Amor é aquilo que do sentimento se
solidifica e que vai para o racional fazendo o casal concordar que vai
permanecer junto fazendo bem um ao outro.
Sentir não é
ruim. Pelo contrário, é se permitindo experimentar o sentimento que nos
tornamos aptos a decidir.
O problema surge quando nos deixamos dominar pelos
sentimentos e vivemos nossas vidas flutuando, vagando neles sem um rumo certo,
sem controle das emoções e sem saber ao certo aonde queremos chegar.
Seria o
estilo “deixa a vida me levar”, quando qualquer lugar serve.
Mas, quando
sabemos o que queremos, então não somos dominados pelos sentimentos, mas os
dominamos para que racionalmente cheguemos ao nosso destino.
Sobre os efeitos da paixão no cérebro, por favor, pesquise o trabalho do Professor Pedro Calabrez (https://www.facebook.com/prof.calabrez).