sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mãe antinatural - por Michelle Dugan Hunt

As pessoas dizem que ser mãe é natural, é instintivo, intuitivo, é como uma segunda natureza. Ultimamente, tenho me perguntando se isso é verdade ou não.
Para começar, durante a gravidez, muitas mulheres - inclusive eu – sentem-se péssimas, especialmente no início, a náusea, o vômito (felizmente, eu nunca tive vômito, mas a minha cunhada, vomitou como se fosse a última tendência da moda, o tempo todo e em todos os lugares), para não mencionar todas as excursões desgastante que nossas emoções tomam. Mais tarde, a barriga fica grande e, estranhamente, a mais simples das tarefas torna-se quase insuperável, como pegar uma meia no chão, ou pegar as chaves do carro que você deixou cair. Esqueça de você mesma fazer seu pedicure.
Uma pessoa pode ser intelectualmente honesta e ainda afirmar que ter um ser humano crescendo dentro de você e que depois de alguns meses sairá de uma pequena abertura, é natural? Realmente não parece natural. E então o bebê vem e antes que você consiga pensar você já é uma mãe. O que segue então são muitas noites sem dormir, fraldas e mais fraldas, ser um depósito de alimentação humana, como diria o meu marido. Algumas noites atrás eu fiquei acordada com meu bebê duas horas e meia. Alguém pode me dizer o que há de tão natural nisso? Desistir dos meus próprios planos e desejos não me parece ser minha segunda natureza, se quer saber. Sem falar que quando tenho algo pra fazer e meu bebê está gritando, não sinto qualquer tipo de intuição flutuando em meu ser, me dizendo o que deve ser feito, ao invés disso, geralmente tento adivinhar o que fazer e acabo por me sentir terrivelmente constrangida. Ser mãe geralmente me faz sentir exatamente o oposto do meu primeiro instinto.
Dito isto, o engraçado é que desde que me tornei mãe, eu realmente não tenho me chocado muito com a quantidade de trabalho que está envolvido. Eu trabalhava em uma creche e observava a vida daqueles que me cercavam, o suficiente para ter uma ideia da quantidade de trabalho que dá. Meu dilema é mais do que a chamada capacidade inata para cuidar de meu bebê perfeitamente. Olhando para trás, acho que pensei que o meu profundo amor por o meu bebê iria me permitir e me dar sempre a vontade de fazer o trabalho. Parece ser natural, certo? Talvez eu tenha esta noção por causa da minha querida mãe. Definitivamente ela fez parecer fácil. Eu não lembro dela levantando sua voz pra mim, nunca a ouvi reclamar de nada, de verdade. Se eu tivesse sido capaz de falar sobre isso antes de me tornar mãe, certamente alguém que já foi mãe teria me agarrado pelo pescoço e jogado cubos de gelo na minha cara ou algo para me arrancar deste mundo de fantasia, incluindo a minha própria mãe (OK, ela teria feito algo de bom, ela é sempre boa). Eu sei que não devemos ficar surpreendidos com a minha humanidade patética e egoísta, isso é patético em si mesmo. Então é isso, minha ingenuidade está em colapso diante de mim, enquanto eu tento lidar com essa coisa de ser mãe.
Não é diferente da ideia e, mais importante, da realidade da graça. Na minha auto-confiança e meu senso de justiça de uma adolescente e jovem de vinte anos, eu falava sobre a maravilha que é ter a certeza de que tudo que acontece em nossa vida, a graça de Deus vem junto. Eu dizia isso para todas as pessoas que se preocupavam com seu futuro. Isso pode parecer teologia. No entanto, quando eu tive de passar por longos sete anos de diárias dores de cabeça, a graça me parecia mais uma piada. Gostaria de dizer isso a Deus. Eu não senti nenhuma força sobrenatural que me ajudava a passar por estes dias. Parecia que era uma Michelle tentando acordar todas as manhãs e tendo que descobrir uma maneira de sair da cama e enfrentar mais um dia de dor, sozinha. Era somente um grande esforço e muito trabalho. No entanto, agora que olho para trás vejo que a graça realmente estava lá, tecendo-se através de minha dor, em silêncio. O fato de eu sair da cama (quase todas as manhãs) e fazer as tarefas que me vinham à mão para fazer, é a prova de que a graça estava lá.
Talvez seja isso que as pessoas querem dizer quando dizem que ser mãe é como uma segunda natureza. É porque nós acabamos fazendo tudo - fraldas cheirosas e gritos de bebê - todos os dias. No entanto, eu não sabia que eu poderia amar uma pessoa tanto quanto eu amo meu bebê. Eu não amo naturalmente outra pessoa assim. No momento em que eu olhei para ela que eu a amei profundamente. Antes que ela sequer olhar para mim, ou sorriu e abraçar-me, eu simplesmente a amei. Meu coração se encheu com tanto amor que bateu contra as paredes do meu peito, implorando por mais espaço. Isso até doeu. É uma coisa estranha, realmente. Normalmente, nós amamos as pessoas porque elas nos dão algo em troca, como, amizade, admiração, perdão, o seu tempo; as pessoas nos amam de volta, com sua capacidade e profundidade. No entanto, com o meu bebê, eu a amo mesmo nos momentos em que me sinto frustrada ou cansada. Ela não tem que me dar nada em troca, eu simplesmente a amo. Eu acho que todas as mães se sentem assim. Talvez seja isso que faz uma mãe ser tão antinatural, a beleza natural.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Desabafo de mãe

A maternidade está me mostrando diariamente que não nasci com dom para heroína. Sou humana, muito humana. Isso contraria o que é esperado de uma mãe. Parece-me que a palavra traz em si uma magia, como se ao usar o título, um poder mágico se apoderasse de nós. Mas não é assim. Mãe também é gente, também tem sentimentos negativos, sofre com sentimentos como raiva, frustração, culpa, mau humor, tristeza.
Quanto mais noites eu passo em claro, mais humana me torno. Sinto raiva de meu bebê, sinto raiva de mim, sito raiva de meu esposo, sinto-me culpada por me sentir assim, sinto-me frustrada por não ter tempo de cuidar de mim, de me olhar no espelho, de ter um tempo só pra mim, pra fazer o que quiser sem me preocupar com outrem. “Mas você é mãe, tem que aguentar!” é o que ouço. Como assim? Só porque sou mãe não posso mais me cansar? Não posso ficar de mau humor? Não posso reclamar por estar sem dormir e por querer um tempo só pra mim? Só os Super Heróis não sentem como nós, humanos. E eu não tenho vocação para heroína.
Me cansar, sentir raiva, estar frustrada, mau humorada e me sentindo culpada por tudo isso, não implica na anulação ou diminuição do amor pelo meu bebê. Amo-o com todas as minhas forças e sou capaz de morrer por ele, mas tenho o direito de reclamar de cansaço. Todos esperam que uma mãe esteja sempre pronta para tudo em relação a todos, inclusive seu filho, marido, amigos, sociedade. Se uma mãe – como eu – reclama de cansaço, de falta de sono, de sentimentos negativos, ela é vista com maus olhos, como uma mãe má. Afinal, mãe suporta tudo, e de preferência calada. Mas eu não fico calada e por isso tenho sido julgada. Expresso minha frustração em lágrimas, reclamações e até murros na parede. Repito: não sou heroína, não consigo passar noites em claro e continuar vivendo normalmente, fazendo de tudo, trabalhando, vivendo como se nada estivesse acontecendo. Estou cansada e quero que as pessoas saibam disso. A maternidade não nos dá poderes extra-humanos. Se eu não durmo, fico mau humorada, cansada e triste. Querer uma noite de sono ou um tempo para mim não é rejeitar meu filho ou não querer estar com ele. É possível ter um filho, conviver com ele sem ser privada de si mesma, de algum descanso e de ser julgada por isso?
Antes de ser mãe eu só ouvia coisas positivas sobre a maternidade. Ninguém ousava falar das partes negativas e nem reclamar deste dom. Agora que estou neste time me pergunto: por que as pessoas não assumem as dificuldades também? Por que esconder das novatas que este caminho lindo e florido da maternidade também tem espinhos e que eles ferem? Hoje me dizem que é porque os momentos bons superam os maus, que mal nos lembramos do choro depois que ganhamos o sorriso de nosso bebê. É verdade, um sorriso tem o poder de amenizar os maus sentimos e esquecê-los momentaneamente, mas isso não significa que eles não existem e que não nos atormentam.
O grande ponto positivo é que tudo é passageiro, tudo é fase. Nada vai durar para sempre. Um dia vou voltar a dormir e o que me incomoda agora será apenas uma lembrança. Cada fase trará consigo seus pós e contras. E eu quero viver cada momento. Sem anular um ou outro. Não quero me enganar envolvendo-me apenas com os bons momentos, mas também não quero super valorizar os maus momentos a ponto de suplantar os sorrisos. Sentimentos existem para os humanos experimentarem. Não esperemos que as mães ajam como se não fossem humanas, porque elas são. Herói é eterno, mas está acima dos sentimentos. Mãe é toda sentimento, e é por isso mesmo que se torna eterna. Pelo menos para seu filho ela será.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Antes de ser mãe


Antes de ser Mãe
Ninguém me cutucava,
Me sujava,
Me cuspia,
Me mastigava,
Me molhava,
Ou me beliscava com dedinhos minúsculos.
Antes de ser Mãe
Eu tinha total controle sobre
Meus pensamentos,
Meu corpo,
E minha mente.
Eu dormia a noite toda.
Antes de ser Mãe
Eu nunca tinha segurado uma criança em prantos para que os médicos pudessem examinar
Ou dar injeção.
Eu nunca olhava para olhos úmidos e chorava.
Eu nunca ficava gloriosamente feliz por um simples sorriso.
Eu nunca sentava por horas à noite vendo um bebê dormir.
Eu nunca sorria por ter de limpar bumbum sujo.
Antes de ser Mãe
Eu nunca segurava um bebê adormecido por não querer largá-lo.
Eu nunca sentia meu coração partir em um milhão de pedaços quando eu não conseguia parar a dor.
Eu nunca soube que uma coisa tão pequena podia afetar tanto a minha
vida.
Eu nunca soube que podia amar alguém tanto assim.
Eu nunca soube que ia amar ser Mãe.
Antes de ser Mãe
Eu não sabia como era ter meu coração fora do corpo.
Eu não sabia como era especial alimentar um bebê com fome.
Eu não conhecia essa ligação entre uma Mãe e sua criança.
Eu não sabia que uma coisinha tão pequena podia me fazer sentir tão importante.
Antes de ser Mãe
Eu nunca tinha me levantado no meio da noite a cada 10 minutos para ter certeza que tudo estava bem.
Eu nunca tinha conhecido
O calor
A alegria
O amor
A dor
A maravilha
Ou a satisfação de ser Mãe.
Antes de ser Mãe
Eu não sabia que era capaz de sentir tanta felicidade!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

4 meses

Nossa, como o tempo passa rápido! Em minha última postagem eu ainda estava grávida de 36 semanas e agora meu filho já completa 4 meses de vida. parece-me que foi ontem que fui internada com 37 semanas para preparar-me para o parto. Durante uma semana apenas tomei medicação para levantar minhas plaquetas para o momento. O plano era que a cesárea fosse no dia 13 de setembro, segunda feira, mas eu queria mto que fosse parto natural, assim meu esposo poderia participar. Foi por isso que no sábado, dia 11 de setembro de 2010 levantei-me cedo e pus-me a caminhar pelo hospital, subir e descer escadas. Até susto eu tomei. E assim vieram as contrações, liquido e 1cm de dilatação. Este mesmo centímetro permaneceu o dia todo, independente dos exercícios, medicação e incentivo de meu esposo ali presente, não aumentou nada. As 20h00 me levaram urgente para cesárea porque o bebê já estava em sofrimento. Meu marido ficou lívido olhando-me desaparecer em cima da maca pelo corredor afora, minha mãe chorava aflita. Estranhamente, eu estava tranquila. A tarde de contrações esperando pela chegada natural de meu filho havia me dado mta alegria. Meu estado de espírito era único, completo, realizado. Minha confiança em Deus era tamanha que nada me abalou, não fiquei assustada com nada, nem com aquela agulha enorme entrando em minhas costas para a anestesia. As 20h14 meu filho nasceu com 2.600kg e 48 cm, branquinho, com cabelos ralos e claros. O pediatra colocou-o perto de meus lábios dizendo que o levaria para o oxigênio porque ele nascera cansado, devido ao esforço de tentar nascer naturalmente. Assim, vi meu filho novamente apenas de relance quando subi para o quarto, e depois, as 2h00 da manhã, quando finalmente o levaram para mim.
Desde então não nos separamos mais. Ele está saudável, grande e esperto! Jpa tem 7.500 Kg e 65 cm. Já fica de pé, durinho e me conhece. Nestes 4 meses ja vivemos mtas, mtas aventuras. Com 15 dias de vida ele mudou de Brasília, onde nasceu, para Itanhaém - SP. Já viajamos de onibus e de carro para Campinas diversas vezes e fomos ao sul conhecer os parentes de avião. Temos mtos Km no currículo, mtos sorrisos, mtas emoções, mtas alegrias, algumas lágrimas - que são inevitáveis - mas acima de tudo, temos mto, mto, mas mto amor juntos.
Ter uma família é algo inexplicável. Ser mãe é a missão mais nobre que Deus concedeu à mulher. Já não tenho dúvidas de meu chamado como mulher. agora sei o que Deus quer de mim. Estou e sou mto feliz com o que Deus tem me proporcionado. Ser mãe tem sido meu maior ministério, sem sombra de dúvida!!
E que Deus seja louvado por ele!!
é como disse o apóstolo Paulo: "Porque Dele, por Ele e pra Ele são todas as coisas, À Ele a glória para sempre, amém!" Rm 11.

O Vazio