Davi era o caçula de oito irmãos. Ainda jovem, foi enviado a
viver no campo para cuidar das ovelhas do pai. Enquanto seus irmãos, grandes e
fortes eram convocados para lutar no exército do Rei Saul, Davi permanecia no
campo com suas ovelhinhas.
Sozinho no meio do nada, ele dedicou-se às artes: tornou-se excelente harpista e um poeta sensível. Cantava e recitava para seu público de ovelhas. Eu diria que, se estivesse entre nós hoje, ele seria um perfeito homem das artes, totalmente de humanas!
Durante seu tempo com as ovelhas, Davi também se dedicou à amizade com o Eterno. Tornou-se íntimo dele como poucos o foram em sua época. E isso ficou muito claro quando ele relata ao rei Saul como foi que o Eterno o livrou das garras de um urso e de um leão, que tentaram roubar-lhe o rebanho. Um garoto que ousou em sua fé e foi recompensado!
Quando o gigante Golias ameaçou as tropas de Israel e zombou do Eterno, Davi prontamente se apresentou ao rei Saul para fazer com o gigante o mesmo que havia feito com o leão e o urso. Ele foi enfático em seu diálogo com o rei Saul:
“Sou um pastor e cuido das ovelhas do meu pai. Quando um leão ou urso atacava um cordeiro do rebanho, eu saia atrás, matava e resgatava o cordeiro. Se o animal quisesse me atacar, eu o agarrava, torcia seu pescoço e o matava. Leão ou urso, qualquer um deles eu matava. Por isso, farei a mesma coisa com esse filisteu incircunciso que está afrontando o exército do Deus vivo. O Eterno que me livrou das garras do leão e das garras do urso, também me livrará das mãos desse filisteu.” (1 Samuel 17:34-37)
Assim, o rei consentiu que o jovem enfrentasse o inimigo que aterrorizava seu exército. Porém, sabendo que Golias tinha mais anos de experiência em guerra do que Davi tinha de vida, resolveu ajudar o menino entregando-lhe sua própria armadura completa.
Davi vestiu-a, mas mal conseguiu andar. Resoluto, tirou tudo dizendo: “Não estou acostumado a isto.” Em seguida, tomou seu cajado de pastor, escolheu 5 pedras lisas, colocou-as em seu bolso e seguiu para o campo de batalha confiante.
O ato de tirar de sobre si o que pertencia a outro, diz muito sobre o caráter do jovem. Mesmo estando diante do rei, Davi escolheu ser quem de fato era: um pastor e não um guerreiro. Ele tinha convicção de quem ele era, e de quem ele NÃO era.
Poucas coisas na vida são mais desastrosas do que tentarmos viver como se fôssemos algo além do que de fato somos. Pessoas que tentam viver pelos padrões dos outros acabam sempre frustradas e machucadas. Alguns se perdem tanto nesse faz de conta, que acabam perdendo a própria identidade.
É necessário que a gente se retire para os desertos da vida para descobrirmos quem somos. Conhecendo-nos a nós mesmos, estaremos melhor preparados para enfrentar as batalhas da vida com sinceridade, honestidade e autenticidade.
Davi não era guerreiro e sabia disso, por isso rejeitou a armadura. Ele era um pastor e foi com as armas de pastor que ele enfrentou a luta, pois sabia que não seria a força dele naquele campo de batalha. Ele tinha plena convicção e certeza de quem iria batalhar em seu lugar. Depois de ouvir os insultos de Golias, Davi respondeu com segurança:
“Você vem contra mim com espada, lança e dardos, mas eu venho em nome do Senhor dos exércitos de anjos, o Deus dos exércitos de Israel, de quem você zomba e a quem você amaldiçoa. (...) Hoje mesmo o Eterno entregará você nas minhas mãos e toda a terra saberá que há um Deus extraordinário em Israel. Todos aqui ficarão sabendo que o Eterno salva sem depender da lança ou da espada. A batalha pertence ao Eterno e Ele entregará vocês em nossas mãos.” (1 Samuel 17:45-47)
Davi sabia quem Deus era, por isso enfrentou o inimigo e venceu a batalha.
Davi sabia quem era, por isso rejeitou aquilo que não lhe cabia, aquilo que era bom para o outro, mas não para si.
Quanto melhor conhecermos o Eterno, mais saberemos quem somos e o quanto dependemos dele. Isso é de uma libertação sem precedentes.
Aqui ficam dois desafios para mim e para você: a) conhecer o Eterno até o ponto de poder descansar nele, sabendo que Ele luta nossas batalhas; b) conhecermos a nós mesmos a tal ponto de rejeitar tudo aquilo que macula nossa autenticidade e identidade.
Você está pronto para essa caminhada?
Vamos juntos e o resto a gente vai aprendendo no Caminho.
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