segunda-feira, 30 de agosto de 2010

36 semanas



Filho,
Estamos em nossas últimas semanas juntos. Esta é a semana 36.
Logo, logo você sairá de dentro de mim para o mundo. Verei seu rosto e tocarei sua pele cheirosa! Teremos lindos momentos lado a lado, e não mais conectados pelo cordão umbilical. Você vai sair de mim, crescer, desenvolver-se, aprender a virar-se sozinho e quando eu piscar você já será um homem. Assim como a gestação passou rápido, a vida também voa. É necessário aproveitarmos cada momento como sendo único, pois nenhum deles voltará.
É por isso que vibro a cada movimento seu dentro de mim. Sei que nunca mais os sentirei, e eles são extremamente prazerosos. Adoro ver seu calcanhar pressionando minha lateral, sentir sua perninha sobre meu umbigo e seu corpinho todo comprimido no meu lado esquerdo. Você é uma delícia e quero guardar na memória para sempre estes momentos mágicos. Penso que a gestação é a experiência mais próxima do divino que um ser humano pode ter. Não há adjetivo melhor para tentar definir a sensação de gerar. É divino.
Amo te sentir filho, mas estou louca para te ver! Venha, querido, venha ao mundo e mostre para o que Deus te criou!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Amadurecimento


Amadurecer não é tarefa fácil. Pelo menos para mim não foi. Não está sendo.
Durante muitos anos eu só conseguia ver em mim a garotinha assustada e medrosa que aos 19 anos usava um casamento para fugir de casa. Foi uma década de terapia, aprendizado, lágrimas e muita frustração para enfim começar a vislumbrar a mulher adulta em que me transformava. Hoje, aos 31 anos e prestes a ver o rosto de meu primeiro filho, é que posso diferenciar a menina da mulher.
Ainda há muito a aprender. Há muito para amadurecer. Mas definitivamente não sou mais aquela menina. Muito desta visão adulta e feminina que tenho de mim hoje devo ao meu esposo. Desde o primeiro dia ele me viu como eu poderia ser e não como eu achava que era. Ele me ensinou que sou linda, sou mulher, sou independente, sou suficiente, sou amável, no sentido de ser digna de ser amada. Sim, pois até então eu não conseguia perceber que era digna de ser amada. Por isso me envolvia em relacionamentos impossíveis. Era como que para confirmar minha incapacidade de ser amada. Eu queria amar, mas não me permitia ser amada.
Aos poucos, meu marido me mostrou como eu era amada por ele, e isso me fez querer ser ainda melhor para ele e também amá-lo mais. Descobri a mulher que eu era porque ele me amou como eu era. Sem exigir nada.
Deus também nos ama assim. Incondicionalmente. O problema é que não percebemos ou não acreditamos neste amor. Hoje posso ver que o amor de meu marido é apenas uma faceta do amor que Deus tem por mim. Posso me permitir ser amada por Deus através de meu marido. Quando ele faz algo para me agradar e surpreender, recebo como sendo mais um presente de Deus. Quando quero demonstrar meu amor por ele, penso em como Deus poderia fazer isso, e dentro de minhas limitações, faço meu melhor para amá-lo, pois amando-o, estou amando a Deus.
A vida é mais leve assim. Não há cobranças, não há ciúme, não há competição entre nós. Meu marido conhece meus defeitos e não me julga ou despreza por eles. Sabe que estamos caminhando juntos para a perfeição que está em Cristo. E juntos iremos chegar lá. Nem mesmo precisamos competir para um chegar antes do outro. Não. Nos casamos para andarmos juntos e juntos iremos chegar aos braços do Pai, a fonte e o doador de todo amor.
Nessa caminhada de 31 anos percebo as tantas mudanças que sofri em meu corpo e em minhas emoções. Ser mãe está sendo a coroação destas mudanças. Deixar de ser menina e me tornar uma mulher foi marcante para mim. Agora estou em nova transformação. A mulher se aprimora tornando-se mãe. Para mim, isso também significa encontrar aquilo que preenche o vazio que havia lá no fundo e eu não sabia o que era. Aquele buraco que a realização profissional não preencheu. A mulher foi feita para a maternidade, e só se realiza completamente quando ela acontece. Agora eu sei disso. Graças ao meu querido esposo, que transformou a menina em mulher-mãe. Graças a Deus que não desistiu de mim em momento algum. Graças ao Amor, que nos une como família.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O berço vazio


Montamos o berço de nosso bebê ontem. Ficou lindo. Olhar para aquele berço maravilhoso, branquinho, novinho e cheirosinho me fez querer ver meu filho ali dentro. Olhei para o berço vazio e imaginei que em breve ele receberá um bebê novinho, esperado, desejado e lindo. Em breve o berço estará preenchido com um garotão.
Mas berço vazio pode significar algo além de expectativa positiva.
Há o berço vazio porque o filho não chegou, por algum motivo.
Há berço vazio porque o filho já cresceu e não cabe mais nele.
Simbolicamente, nosso berço ficará vazio quando nosso filho, já adulto, for embora de casa.
Fiquei pensando sobre este simbolismo do berço vazio.
Hoje estamos em dois, meu esposo e eu, olhando para o berço vazio na expectativa de vê-lo preenchido por nosso filho em alguns dias. Em alguns anos seremos nós dois novamente, olhando para o berço vazio, com muitas recordações de uma vida toda, de uma história que escreveremos com nosso guri dia a dia.
Nem sempre é fácil para os pais olharem para o berço que fica vazio depois que os filhos vão embora de casa. No momento nos preparamos para receber nosso primeiro filho e olhar para o berço vazio me fez lembrar que precisamos estar preparados para um dia nos despedirmos do adulto que ele será. Os filhos são criados para o mundo. Não é possível criá-los e mantê-los em nosso berço para sempre.
A sensação atual de olhar para um berço vazio é positiva, cheia de promessas e expectativas futuras. Um dia, olhar para o berço vazio nos remeterá ao passado, ao tudo que vivemos e produzimos com nosso filho. O objeto é o mesmo, mas o significado depende do momento de vida. De qualquer forma, o berço está vazio por poucos dias. Bem vindo filho, para ocupar o berço e preencher nossas vidas com alegria e amor!

Tempo, tempo, tempo...