Faz poucos dias que meu filho (3 anos e 1 mês) parou de pedir que ficasse com ele na escola e parou de chorar no portão
na hora de entrar.
Nos primeiros dias a coordenadora pediu-me que entrasse com
ele até a sala, para que se adaptasse à escola e amigos novos.
Aos poucos minha
entrada foi ficando mais curta, já não ia até a porta da sala, ficava no meio
da calçada e, finalmente, apenas no portão.
Durante alguns dias ele chorou bastante, agarrava-se a mim e não queria
entrar, mas acabou entendendo e pelo menos há uma semana não chora mais. Ele até
avisa:
- Sabe, hoje eu não vô
chorá pa ficá na ixcola.
E não tem chorado mesmo.
A
professora que está no portão pega a mochila dele, segura em sua mão e o
acompanha até a sala.
Ele se afasta com um sorriso e vai acenando para mim.
Mas hoje
foi diferente e quem chorou fui eu.
A professora pegou a mochila, colocou nas
costas dele e disse-lhe:
- Pode ir Dado, a tia Pri
tá lá na sala esperando você.
Ele me olhou triste, eu
estava do lado de fora do portão.
Sorriu timidamente, acenou e foi andando pela
calçada que leva ao interior do prédio.
A visão do meu menininho sozinho,
andando com a mochila nas costas e aquele sorrisinho cortou meu coração. Pensei:
“Tadinho, está sozinho!”
Mas ele pareceu não ligar muito. Foi andando devagar e eu não consigo parar de
pensar naquela cena de um caminhar solitário.
Sei que pode parecer besteira,
mas a mim pareceu-me ser a primeira vez que meu menino enfrenta o mundo sem
mim.
Tive ímpetos de ir ao encontro dele, segurar-lhe a mão e acompanhá-lo.
Sei
que isso o faria feliz, mas é só a primeira caminhada independente da vida
dele.
Ainda enfrentará muitas outras ao longo de sua história.
Talvez quem ainda
não experimentou a maternidade não consiga compreender o que senti naquele
momento, mas quem é mãe sabe o que é sentir-se dividida entre o querer e o
dever.
Pergunto-me se
algum dia este sentimento de querer participar de cada passo dos filhos acaba.
Creio
que não.
Há momentos em que caminhar ao lado deles, segurando-lhe a mãozinha, é
benéfico e positivo, mas há momentos em que é necessário para a saúde emocional
deles que lhes soltemos a mão e os deixemos caminhar sozinhos, que façam as
próprias descobertas, enfrentem seus medos.
Mesmo que a gente fique olhando de
longe com lágrimas escorrendo pelos olhos e um aperto sem fim no peito.
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