quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Relacionando-se com um filho

Faz poucos dias que meu filho (3 anos e 1 mês) parou de pedir que ficasse com ele na escola e parou de chorar no portão na hora de entrar. 

Nos primeiros dias a coordenadora pediu-me que entrasse com ele até a sala, para que se adaptasse à escola e amigos novos. 

Aos poucos minha entrada foi ficando mais curta, já não ia até a porta da sala, ficava no meio da calçada e, finalmente, apenas no portão.  

Durante alguns dias ele chorou bastante, agarrava-se a mim e não queria entrar, mas acabou entendendo e pelo menos há uma semana não chora mais. Ele até avisa:
- Sabe, hoje eu não vô chorá pa ficá na ixcola.

E não tem chorado mesmo. 

A professora que está no portão pega a mochila dele, segura em sua mão e o acompanha até a sala. 

Ele se afasta com um sorriso e vai acenando para mim. 

Mas hoje foi diferente e quem chorou fui eu. 

A professora pegou a mochila, colocou nas costas dele e disse-lhe:
- Pode ir Dado, a tia Pri tá lá na sala esperando você.

Ele me olhou triste, eu estava do lado de fora do portão. 

Sorriu timidamente, acenou e foi andando pela calçada que leva ao interior do prédio. 

A visão do meu menininho sozinho, andando com a mochila nas costas e aquele sorrisinho cortou meu coração. Pensei:

“Tadinho, está sozinho!” 

Mas ele pareceu não ligar muito. Foi andando devagar e eu não consigo parar de pensar naquela cena de um caminhar solitário. 

Sei que pode parecer besteira, mas a mim pareceu-me ser a primeira vez que meu menino enfrenta o mundo sem mim.

Tive ímpetos de ir ao encontro dele, segurar-lhe a mão e acompanhá-lo. 

Sei que isso o faria feliz, mas é só a primeira caminhada independente da vida dele. 

Ainda enfrentará muitas outras ao longo de sua história. 

Talvez quem ainda não experimentou a maternidade não consiga compreender o que senti naquele momento, mas quem é mãe sabe o que é sentir-se dividida entre o querer e o dever.

Pergunto-me se algum dia este sentimento de querer participar de cada passo dos filhos acaba. 

Creio que não. 

Há momentos em que caminhar ao lado deles, segurando-lhe a mãozinha, é benéfico e positivo, mas há momentos em que é necessário para a saúde emocional deles que lhes soltemos a mão e os deixemos caminhar sozinhos, que façam as próprias descobertas, enfrentem seus medos. 

Mesmo que a gente fique olhando de longe com lágrimas escorrendo pelos olhos e um aperto sem fim no peito.

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