quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Errar é materno - TExto de Kalu em mamíferas.com

Errar é materno

Tantas e tantas vezes tentei acertar. Assim como você, errei em muitas outras. A grande verdade é que erros e acertos dependem do ponto de vista.

A gente não sabe identificar um choro, nem prever uma doença, muito menos saber que aquele criado mudo poderia causar um ferimento no queixo. Com o passar do tempo (ou nos filhos subsequentes) a gente percebe que os filhos não vão morrer tão facilmente como nossa mente materna costuma imaginar. Que a gente pode poupar nossos filhos de muitas experiências ruins, mas não de todas. Quando escolhemos por um parto humanizado queremos, principalmente, que nossos filhos não passem pelas primeiras experiências dolorosas e desnecessárias.

Podemos impedir tantas coisas, mas outras tantas não poderemos. E é nos erros que colocamos nossas virtudes (e as deles) em exercício. Inevitavelmente nos culpamos em nossa mente materna e megalomaníaca que pensa que podemos ser o grande amortecimento das ações do mundo em nossos filhotes. Mas não podemos. Somos pequenas poeiras celestes a voar ao lado de outras poeiras.

Entender nosso tropeços, erros e os dele como parte do processo é um grande aprendizado. Errar também é materno. Talvez a característica mais mamífera de todas.

Quando deixamos a poeira da culpa decantar podemos ver a magia do imponderável. Não podemos evitar as doenças, nem que tranquemos os pequenos em bolhas. E na proteção e liberdade na medida, aprendemos a vê-los vitais e enfermos, assim como nós. Nos nossos erros acolhemos os deles. Nos tornamos iguais, apenas em tempos e funções diferentes.

No ritmos que orquestramos para os dias podemos perceber as melodias que facilitam o fortalecimento ou aquelas que prejudicam. Na medida do possível ajustamos o tom para uma melhor harmonia.

As falhas (nem qualidades) são moedas de competição de melhor mãe do mundo. Doenças não são frutos dos nossos erros. Tombos não são falta de atenção, descontroles nossos também são humanos.

E a medida que olhamos de frente as nossas sombras, descobrimos que somos humanas. Erramos muito na tentativa de acertar. E nessa humanidade do erro ensinamos nossos filhos a aprender com as falhas sem jogá-las para debaixo do tapete.

As vezes a gente tem aquela sensação de que só nossos filhos não comem, não dormem, são birrentos e adoecem muito. Talvez nossos filhos sejam reais. Os filhos dos outros (que come de tudo, dorme a noite toda, é educado e nunca adoece) é apenas uma invenção de uma mãe irreal que vê a vida como uma grsnde competição em que ela, escondendo-se da verdade, ganha a armadura de plástico de perfeição. Ou ela tenha terceirizado a maternagem e qlguém depura as sombras para esta criança.

E nesta perfeição, esta mulher deixade aprender, de ouvir, de crescer. Uma grande perda para os filhos, que diante de tamanha perfeição sentirão vergonha diante de suas próprias falhas.

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