domingo, 13 de dezembro de 2020

Fé e emoção

     Faz já algum tempo que venho pensando na relação que é feita entre fé e emoções. Cheguei a rascunhar um texto sobre o assunto, mas não publiquei. Hoje o assunto voltou à tona quando assistia a uma aula online[1]. Então resolvi voltar ao meu texto e reescrevê-lo à luz do que acabo de ouvir.

     O grande problema da maioria das crenças atuais repousa na introdução das pessoas crédulas à necessidade de terem sua fé validada na emoção e no sentimento. A fé acaba por ser vinculada à emocionalidade. O indivíduo entende que só é bom em sua crença se ele for capaz de se emocionar profundamente.

     A fé só é validada se a pessoa for possuída de muita emoção. No início dá certo, mas logo vem a angústia porque não é todo mundo que consegue viver em estado emocionalizado por um longo tempo. Muitas pessoas acabam sofrendo certos transtornos psicológicos e podem acabar bipolares pela necessidade de forçar uma euforia intensa.

     Alguns sistemas de crenças praticam ritos que induzem à emoção. Nestes ritos, as pessoas experimentam catarses treinadas, ou seja, sugestões emocionadas, ditos que induzem à emocionalidade. Acaba se tornando uma intensa busca de validação emocional para dizer que tal indivíduo está bem naquela crença. Tais catarses treinadas são vistas como fé.

     Especificamente entre os cristãos pentecostais não vemos exatamente um rito de indução à catarse, mas há uma ambiência para os cultos com gritos, cria-se um clima específico, usa-se jargões, e há uma orquestração poderosa. Alguém fala em línguas, outro profetiza, outros glorificam em alta voz. Esta é uma orquestração indutora para a emocionalização.

     Porém, isso também tem um limite. O cérebro não consegue viver neste estado durante muito tempo. É como no estado apaixonado, vive-se assim por um ano ou pouco mais, mas logo passa, e o cérebro não aguenta existir sob essa opressão das emoções. O cérebro começa a se retrair para acalmar-se e conseguir seguir mais pacificamente.

     Quanto mais a pessoa demonstrar tais emoções publicamente – falar em língua, chorar, gritar, suar, rodopiar - mais ela será considerada espiritual, piedosa, santificada, cheia de fé. Se o crente não fazer isso ou aquilo, é porque não crê. Mas, e quando a emoção começa a falhar? Então começa a teatralização dos sentimentos forjados e falsificados.

     Portanto, é possível verificar que, em um ambiente de fé de natureza cristã, há pelo menos 3 níveis de classificação dessa fé emotiva:
1) Crenças/credo e doutrina – mais praticado pelos reformados que conhecem bem seus credos e chamam isso de ‘minha fé’. Mesmo que seja um conhecimento raso, só de decoreba das doutrinas a serem seguidas, a simples repetição desses credos racionais tornar-se a “fé” deles.
2) Crenças e ritos – A prática do rito gera a emocionalização. De modo geral, os cristãos gostam da emoção da fé, de sentir a fé – “olha como tô arrepiado”. O rito induz bastante ao emocional e a pessoa vai embora daquela reunião/culto/missa dizendo que “sentiu Deus”. As crenças religiosas tem esse viés de quererem sentir a divindade.
3) Grupos de crentes de catarses induzidas – são grupos pentecostais onde o Espírito Santo só se manifesta se o crente for derrubado. As pessoas começam a rodopiar, entram em um giro espiritual até serem supostamente possuídas pelo Espirito Santo e então caem, e outros ao seu redor vão também caindo. É um estado de catarse induzida delirante. Tais indivíduos se levantam dali dizendo que foram ‘visitadas pelo Espirito Santo’. Outros que buscam apenas sensações e emoções mudam de um grupo para outro, para ir renovando as sensações.

     Para essas pessoas, a relação entre Deus e fé são carregadas de expectativas diversas que vão da riqueza à proteção contra qualquer forma de catástrofe; são crenças praticadas para servir como apólices de seguro, de saúde, de riquezas, e isso implica na validação da fé por meio da emoção. A fé destes coloca Deus em uma situação de devedor ao que crê, assim, o crente exige de Deus determinadas bênçãos porque tem fé nele.

    O que de fato acontece é que quando chega a hora do desconforto e da angústia, quando já não tem mais emoção positiva, então vem a frustração e até o ateísmo. Pois, se o indivíduo busca sentir Deus, mas já não o sente, logo, Deus não existe, ou não está mais interessado em se manifestar.


Para tais pessoas, Deus só é Deus quando é emoção vivenciada. Mas quando chega a hora do desconforto, da doença sem cura, do sofrimento indizível, da falência, então começa a angústia pela validação da crença. Tal crente precisa que aquele conjunto de crenças que ele pratica – aquele dízimo, aquela oferta, aquela frequência aos cultos, aquele coral e escola bíblica onde ele não falta - tudo isso precisa ser validado pelo sentimento; e quando não há mais este sentimento, então a vida do indivíduo se arrebenta. Neste momento se manifesta um dos maiores desesperos para alma cristã ocidental e de experiência pentecostal.

     Em um sistema de crenças baseado em emoções que são passageiras, a fé não se sustenta quando chega a hora do esmagamento absoluto. O cérebro do indivíduo já não consegue mais entrar em catarse indutiva alguma, a pessoa não encontra Deus em lugar algum e sem a sensação e a emoção, torna-se enlouquecido. Esse deus como sensação e emoção se transforma no poder mais enlouquecedor que podemos conhecer. É por isso que 70% dos pacientes de clínicas psiquiátricas são pessoas vinculadas às igrejas que incitam à fortes emoções e criam a correlação entre deus-sentimento-emoção. Não tem alma que aguente.

     A fé segundo o Evangelho de Jesus:
O Evangelho não é um sistema de crenças.
O Evangelho é um caminho de consciência.
Evangelho é amor que pratica justiça, que promove paz, que perdoa os arrependidos.


O Evangelho é não julgar os outros, muito menos segundo a aparência, é busca de discernimento silencioso para ser objeto de prática de sabedoria nas relações humanas.


O Evangelho é marcado por sinceridade e sem hipocrisia, com discrição, sem histeria, sem manifestações gritantes, mas também não é silencioso, ele tem um tom pacificado de relação humana.


Tem alegria, mas não é feito de algazarra; oferece um culto racional ao mesmo tempo em que não busca emoções, mas também não foge delas.
Não fica procurando por emoções e nem por sensações, mas não tem medo de manifestá-las. Jesus chorou, riu, gargalhou.


O evangelho não é um sistema de crenças que ensina que se você juntar uma emoção com outra, ou com isso e aquilo, o resultado será fogo. No Evangelho não existe sistema de nada, é só um compartilhar de vida e alegria.


No Evangelho se crê que Deus é livre e soberano para manifestar o que Ele quiser e quando Ele desejar. De modo que se alguém fala em línguas ou tem visões, isso virá naturalmente e não será fruto de um buscar emotivo.


O Evangelho não é um sistema de crenças mágicas, mas é um caminho de consciência de verdade e de vida, é espiritualidade e não se alimenta de emoções.
Evangelho é amor com suas manifestações de verdade e de justiça, de bondade, longanimidade, mansidão, domínio próprio, fidelidade, discrição, alegria na simplicidade, espontaneidade na doação, alegria de ter na generosidade um galardão.


Essa fé segundo Jesus se manifesta nestas práticas e obras, é a conexão com o impossível.  Em Lucas 1:17 jesus estava falando da salvação quando mencionou que tudo é possível para Deus. A graça, a salvação, a fé genuína em Jesus me conecta a toda sorte de bênçãos nas regiões celestiais em Cristo – me conecta ao impossível, me faz andar dentro dessa coisa estranha que só compreendemos depois, mas que é o desafio de Jesus para nós: experimentar a conexão com o impossível.


Até mesmo para experimentar a certeza da salvação eu preciso ter uma conexão com o impossível. Pois, como é que um ser como eu pode vir a experimentar toda a glória de Deus e me tornar coerdeiro dele em Cristo? Para acreditar nisso, é necessário ter essa loucura de se tornar capaz de crer pela fé. Uma fé que é a certeza de coisas que não se veem e convicção de coisas que se esperam pela fé. 

     Uma fé que não é emoção e nem sentimento, que se baseia em sensações e emotividades, mas é fé na fidelidade de Deus. As coisas são maiores do que eu, mas eu ando guiado por uma fé-certeza (Hebreus 11:1).

     Toda narrativa da escritura é sobre a fé que nos coloca conectado com o que está para além do imediato, e isso não acontece por meio de emoção ou sentimento, acontece por meio de certezas das coisas que se esperam, de convicção. Nada tem a ver com emoção, com sentimentos ou falta deles. É crer na palavra de Deus, e a palavra de Deus é Jesus. Jesus é a única palavra pura e absoluta de Deus para todos os homens e todas as consciências.


Características da fé segundo Jesus Cristo:


1) A fé segundo Jesus é uma fé feita de não-dúvida. A fé é um dom de Deus, é graça. Todos podemos ter fé, mas há aqueles com níveis diferentes de fé. Há quem desfrute de uma fé que cresceu para além da dúvida. Jesus nos exortou para crermos e não duvidarmos. Ele questionou seus discípulos: ‘homens de pequena fé, por que duvidastes?’ Em Jesus, não há estímulo para a dúvida. Existe, sim, paciência com o nível de maturidade de cada um. A dúvida é para ser vencida. A fé é certeza. Somos gente do impossível. Nós que cremos devemos não duvidar, precisamos olhar para a vida sem dúvidas, mesmo que não a entendamos. Preciso ser uma pessoa em quem a dúvida foi vencida. É uma fé que só acontece para além dos sentimentos e das emoções. Se eu me emocionalizar, então as dúvidas surgirão. O coração é traiçoeiro, a emoção é volúvel, é como as ondas do mar que vão e vem e, nesse balanço das emoções, as dúvidas são criadas. Mas podemos crescer para viver para além da dúvida. Isso acontece quando não achamos que temos o mérito de entender todas as coisas da existência. Faz parte da minha fé não entender a existência e crer no amor de Deus para comigo mesmo quando não sei e não entendo nada. E, verdade seja dita, nós não sabemos e não entendemos nada o tempo todo. Viver com confiança não é viver de maneira burra. Eu continuo analisando, sou crítico, sou racional, sou ponderado. Mas não tenho medo e nem dúvida e faço minhas ponderações sempre tendo convicção de que conto com a ajuda sobrenatural de Deus sobre mim. Eu vou me habituando ao impossível, vou me habituando a viver sem dúvida e com convicção e certeza... com emoção ou sem emoção, tanto faz, porque EU SEI.
 
2) A fé segundo Jesus é confiança no amor de Deus. Eu não preciso ter preocupação com nada pois, se Deus é Deus do jeito que eu creio em Jesus, então vivo em paz nessa confiança pacificada do amor de Deus por mim. Se Deus é Deus para mim, se Deus é Deus de fato, então o que me resta senão confiar absolutamente nele? Nesta perspectiva, eu me torno como uma criança que tem de confiar em alguém que cuide dela. Conforme cresço e vou amadurecendo nessa confiança, eu vou descansando nele. Não importam os abismos, quanto mais profundos eles forem, mais profunda será a minha convicção, pois Deus é por mim, e se Deus é por mim, e eu creio nisso, então descanso. Eu aprendo a viver crendo assim, e só a confiança nele me leva atravessar todos os vales sombrios.
 
3) A fé segundo Jesus é descanso e paz. Você se entrega e é pacificado serenamente. A cada dia isso vai crescendo dentro de você e você se sente solucionado antes mesmo de existir uma solução, pois estará em paz e descansando nele. Posso não ver como será o meu futuro, mas descanso porque sei que, na verdade, o futuro já é, pois já está consumado, Ele já fez tudo que era necessário ser feito por mim. Posso descansar pacificado nele.
 
4) A fé segundo Jesus é algo que se torna à medida que se treina. A gente evolui, a gente treina na fé. A vida é um treino que nós vamos treinando na gente mesmo. Começamos a crer como uma criança, mas conforme as dores da vida vão acontecendo, a gente vai crescendo em fé, vamos aprendendo a não colocar a confiança em tolices. A vida é o próprio treino. Vai-se ganhando solidez diante das dores. Vamos virando filhos tranquilos do milagre porque aprendemos a andar nesse estado de descanso e paz.
 
5) A fé segundo Jesus é algo que a gente vê aumentar em nós. É por isso que Jesus fala do homem de pouca fé. A fé é diminuída pelas dúvidas e cresce na entrega ao amor e na fidelidade de Deus. A fé pode aumentar, por isso Jesus fala que a fé pode ser pequena como um grão de mostarda. Se tem algo pequeno, também tem algo que cresce e se desenvolve, que amadurece, que se enraíza e se expande.
 
6) A fé segundo Jesus se consuma como uma dimensão que excede a todo entendimento. Quando cremos assim, a fé se torna muito mais do que um escudo, pois se Deus é por mim, o que ou quem será contra mim? Eu estou guardado nele. Por isso que essa fé se consuma nessa dimensão que excede o entendimento. Nessa altura, posso me sentir como aquele que não precisa sentir nada, e quando sente é gostoso, mas quando não sente, está tudo bem, está ótimo, pois acima disso, EU SEI! Não preciso sentir, só sei. Isso é paz, é descanso! Eu não tenho que mentalizar ou forçar essa fé. Ao contrário da mentalização que é um esforço, essa fé é entrega e descanso, é confiança. É a não
mentalização, é o silêncio confiante e pacificado.



[1] Aula ministrada por Caio Fabio d’Araujo Filho em curso online sobre “Como vencer o Medo”. Link não disponível atualmente.


domingo, 6 de dezembro de 2020

Por amor

 

É sábado de manhã. Estou concentrada terminando uma reflexão bíblica, fazendo anotações, quando meu filho – 10 anos - aparece.

- O que tá fazendo, mamãe?

- Terminando de preparar uma reflexão que vou compartilhar online com um grupo de pessoas amanhã à noite.

- Ah! E você vai receber por isso?

- Não, filho! A gente não cobra para compartilhar a Palavra de Deus. Eu faço isso porque eu gosto de falar sobre o Evangelho. Eu faço por amor.

- Hum.

E saiu. Foi brincar. O dia passou e ele fez diversas atividades, recebeu o amiguinho, assistimos a um filme e, na hora de dormir, como sempre fazemos, lemos um trecho do Evangelho e oramos. Durante sua oração, eu ouço:

- Senhor, ajuda-me a espalhar o teu amor e contar para as pessoas que elas são amadas por ti. E o Senhor sabe que eu quero ser um dublador, mas se o Senhor quiser, eu também posso ser um pregador, assim como a minha mamãe é, e eu quero falar da tua palavra por amor, como ela faz.

Recebi minha recompensa.

Alma repleta. Satisfeita. Feliz.

Gratidão ao meu Senhor por ser capaz de ensinar sem palavras ao meu filho, e por saber que ele está aprendendo lições eternas!!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Girassóis

 Meu filho ganhou da escola sementes de girassol no dia das crianças.

Plantamos alguns dias depois.

E hoje eles estão assim!! Orgulhosamente mostrando sua beleza de jovens flores.

Ainda há alguns que em breve irão desabrochar. Mas a alegria de ver dois prematuros nos ensina uma lição importante:
As sementes chegaram para nós todas juntas, em um saquinho.

Todas foram plantadas no mesmo momento e receberam o mesmo cuidado.

Alguns deles cresceram mais do que os outros e ainda não desabrocharam.
Outros, menores, já estão floridos. E outros, ainda, estão em desenvolvimento mais lento e vão demorar para florir.

Vejo aí uma lição de individualidade.

Não é porque todos tiveram o mesmo tratamento, ao mesmo tempo, que estão florindo da mesma maneira.

Cada um, em seu tempo, vai dar as flores que tem para dar, mas não porque queremos, tampouco porque regamos ou cuidamos, mas porque eles têm seu próprio tempo e irão desabrochar segundo suas condições internas.

A individualidade é uma riqueza!

Precisamos aprender a respeitá-la mais!

Jesus nos trata segundo nossas individualidades! Ele sabe que o jeito que Ele trata o Fulano, não é o que funciona para Beltrano! Ele ama cada um com suas peculiaridades e como indivíduos.

Bora aprender com os girassóis ??? ❤ ❤

Seja como o girassol: busque a direção da luz!

Agora vamos ter os girassóis
No fim do ano
E o calor vem desumano.
Tudo irá se expandir,
Crescer com as águas,
Quiçá, amores nos corações.
Cassia Eller - Milagreiro

"Amor a gente não procura. É assim: você deixa a porta meio aberta, se distrai plantando girassóis e ele entra. Ele adora contrariar."
Caio Fernando Abreu

"Os girassóis crescem em meu jardim...
A primavera quer ficar
Mais uma estação
Dentro de mim..."
(Carmem Dalmazo)

Pensamento Positivo ou Fé?

Quando acordei hoje havia um áudio de uma querida amiga com um questionamento extremamente válido. Ela pedia-me ajuda para tentar compreender melhor a situação.
Tratava-se de uma pessoa – conhecida dela – que há dois anos sofria de um câncer, mas que mantinha a fé, a alegria, a positividade diante da vida. Todas a manhãs, essa enferma enviava mensagens positivas, com declarações de que cria em sua cura, que sabia que Deus estava com ela e coisas semelhantes. Mas ela faleceu. Apesar de sua fé na cura, ela faleceu.

Logo depois da minha conversa com esta amiga, conversei com outra antiga amiga, alguém que, em determinada época de minha vida, foi um anjo enviado por Deus para cuidar de mim. Ela relatou-me como este ano de 2020 foi difícil para ela, como passou por tantos e diversos sofrimentos, mas manteve a fé e que segue para 2021 revestida dessa fé. Ela então lembrou-se e relatou as situações que ela presenciou de pessoas no hospital de câncer onde ela, enfermeira, trabalhou durante anos. Ela viu muitos pais que, durante o tratamento, pareciam equilibrados e resilientes, confiantes em Deus, mas que, na hora da morte dos filhos, descompensavam totalmente, perdiam totalmente qualquer equilíbrio e desafiavam Deus para um duelo, para uma luta corpórea onde pudessem descontar toda sua raiva por Ele ter levado o serzinho tão amado deles.

Totalmente compreensível.  Não tenho nem noção de como seja a dor de perder um filho.
Mas o questionamento da minha primeira amiga, logo de manhã, era sobre a fé: por que alguém que demonstrava tanta fé, não alcançou seu milagre?

O que eu aprendi sobre o assunto fé ao longo da minha história de vida é o que posso compartilhar. Aprendi muito com os exemplos e os conceitos que temos na Bíblia, e também aprendi muito com minha própria história.

Entendo que a primeira coisa que precisamos fazer para entender algumas situações é fazer diferenciação entre “pensamento positivo” e “fé”. A positividade é algo que precisamos repetir todos os dias, renovar a cada novo problema, fazer mantra, cruzar os dedos e “confiar” que o pensamento positivo vai trazer para mim aquele resultado final que desejo.  Se eu alcanço aquilo que meu pensamento positivo reclamava, então sou inundado de euforia e até de alegria, mas com o passar dos dias, essa euforia se vai, e eu acabo esquecendo de tudo enquanto sigo com minha vida. Se meu pensamento positivo não alcança aquilo que eu almejava, a frustração, a descompostura, o desequilíbrio, a dor, a angústia são devastadores. Demora muito tempo para que as pessoas se recomponham e voltem a viver bem novamente – isso quando conseguem continuar vivendo.

A fé tem outra natureza. A fé não tem a ver com circunstâncias ou com sentimentos. A fé é uma certeza que habita águas muito mais profundas do que o pensamento positivo. 
A fé não é depositada em coisas ou desejos. A fé tem seu descanso em uma pessoa: Jesus Cristo.

Porque eu sei que sou amada por ele, então minha fé nele me sustenta durante as dores.
Porque eu sei que minha fé está em uma pessoa totalmente fiel, eu descanso no meio da tempestade.

Porque eu sei que Ele está comigo no vale da sombra da morte, eu encontro paz que excede todo entendimento.

A fé me faz andar, me faz prosseguir, mesmo que a dor seja cruel, porque sei que não estou andando sozinha.

Minha amiga “Anjo”, disse algo engraçado: as pessoas acham que a fé delas tem que ser remunerada. Ou seja: porque eu tenho fé, então Deus se torna meu devedor e tem que me pagar dando-me aquilo que eu demando.

Mas a fé não é remunerada desta forma. A fé existe para nos fazer andar em meio ao deserto, não para nos satisfazer as vontades. A fé verdadeira permanece intacta, mesmo quando meu desejo não é atendido.

Faz parte da fé questionar, faz parte da fé entristecer-se, faz parte da fé sofrer. Mas ela existe justamente para nos guiar até o outro lado do deserto. Quer as respostas cheguem, quer não cheguem.

Por último, a fé não é algo que a gente adquire tendo pensamentos positivos ou apenas desejando-a. Aprendemos que ela é um presente de Deus.  Portanto, querid@ leit@r, se você se considera alguém desprovid@ de fé em Cristo, peça-lhe e Ele mesmo vai te presentear com uma fé firme e inabalável. É Jesus Cristo quem opera em nós tanto o querer quanto o realizar.

sábado, 14 de novembro de 2020

Espiritualidade em sociedade

Jesus foi um ser social. Ele se misturava com as pessoas e mostrava sua espiritualidade imerso na sociedade. O trecho narrado por João em seu evangelho (2:1-11) sobre o casamento em Caná ilustra com riqueza essa verdade.

Viver a espiritualidade em meio à vida social é o oposto do monasticismo. Para ser espiritual, não é necessário nos isolarmos em monastérios, em igrejas, em guetos, em comunidades. A espiritualidade proposta por Jesus é aquela que acolhe, convive e coexiste.

Além disso, Jesus estava sempre atento à situação ao seu redor. Jesus não veio ao mundo para salvar casamentos, sua missão não era atender os pedidos de sua mãe, nem veio para transformar água em vinho, muito menos para multiplicar pães ou curar doentes. No entanto, ao conviver em sociedade, ele prestou atenção em suas necessidades e foi sanando-as uma a uma. Discretamente, ele ia ajudando onde era necessário. Ele estava atento, sensível aos problemas, prestando atenção às dores e curando, alimentando, libertando, aliviando.

 Portanto, como discípulos deste Cristo - que é um ser sociável e engajado com aqueles com quem convive - eu também preciso aprender a desenvolver minha espiritualidade enquanto coexisto e convivo com meus semelhantes. Preciso apurar minha sensibilidade para as necessidades que me cercam e fazer o que posso para ajudar. Minha espiritualidade será saudável quando eu estiver atento ao ambiente social onde estou inserido e vou, gradativamente, melhorando-o. Amar pessoas é auxiliá-las em suas necessidades. Relacionar-se com as pessoas em seus ambientes é exercer espiritualidade. Estar fechado dentro de uma igreja, cantando e pregando de olhos fechados, não é a proposta de Cristo.

Encerro essa reflexão com uma parte da letra da canção “Em nome da Justiça”, de João Alexandre:

Quem conhece a Deus não pode ouvir e se calar
Tem que ser profeta e sua bandeira levantar
Transformar o mundo é uma questão de compromisso
É muito mais e tudo isso

Enquanto o domingo ainda for nosso dia sagrado
E em nome de Deus se deixar os feridos de lado
Enquanto o pecado ainda for tão somente um pecado
Vivido, sentido, embutido, espremido e pensado

Enquanto se canta e se dança de olhos fechados
Tem gente morrendo de fome por todos os lados
O Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive, não
Pois Deus se revela, se envolve, resolve e revive.

 

 

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

As janelas da alma e o caráter

Você já conviveu com pessoas que pensam que os outros estão sempre tramando contra elas?


São pessoas mal intencionadas que pensam que todos traem, que ninguém é confiável, e não se dão conta de que elas mesmas agem assim com os demais.

Quem não é confiável, não consegue confiar em mais ninguém.

Quem trai, acha que todos o estão traindo.

Quem é invejoso acha que os outros o invejam.

Este é um assunto antigo entre os humanos, e Jesus tratou disso. Mateus registrou suas palavras em 6:22-23:

“Os olhos são a janela do corpo. Se vocês abrirem bem os olhos, com admiração e fé, o seu corpo se encherá de luz. Se viverem com os olhos cheios de cobiça e desconfiança, o seu corpo será um celeiro cheio de grãos mofados. Se fecharem as cortinas dessa janela, sua vida será uma escuridão.” (Versão da Bíblia A Mensagem)

A versão da Bíblia Viva diz: “Se os seus olhos forem bons, haverá luz em todo o seu corpo. Mas se forem maus, seu corpo estará em profunda escuridão espiritual”.

A constituição de quem eu sou é meu caráter, e é isso que determina meu pensar. É meu caráter que vai educando meus pensamentos e sentimentos. Como consequência de meu caráter, vou construir um determinado tipo de vida e vou travando relacionamentos com os outros.

É por isso que aquele que é dono de um caráter duvidoso, vai sempre achar que os outros estão tramando contra ele. É uma projeção de si mesmo sobre aqueles que o cercam.

Jesus nos ensina a lidar com isso. Ele nos mostra como construir um caráter saudável que vai redundar em relacionamentos igualmente saudáveis.

Para conhecer um pouquinho mais sobre esse assunto, convido-lhe a assistir o vídeo abaixo. Em 21 minutos, Caio Fabio comenta o texto de Jesus e seus desdobramentos na vida das pessoas que vivem atrás dessa janela fechada, vendo tudo em escuridão, trevas e dores.


Meu desejo é que a Verdade liberte cada um que vive neste escuro “celeiro cheio de grãos mofados”.

Para liberdade é que Cristo nos libertou!

Liberte-se Nele e deixe livre aqueles que te cercam!

By Lia Silva em 09/11/2020

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Um caminhar necessário

 O ano é 2013. O mês é outubro, o que significa que meu filho acabou de completar 3 anos. É o primeiro ano dele na escola e o primeiro mês naquela escolinha em específico. As adaptações estão acontecendo lentamente, tanto para ele quanto para mim.

Faz poucos dias que ele parou de pedir que eu ficasse com ele na escola e parou de chorar no portão na hora de entrar. Nos primeiros dias a coordenadora pediu-me que entrasse com ele e o acompanhasse até a sala para facilitar a adaptação à nova escola e amiguinhos. Aos poucos, minha entrada foi ficando mais curta, já não ia até a porta da sala, ficava no meio da calçada e, finalmente, apenas no portão.  Durante alguns dias ele chorou bastante, agarrava-se a mim e não queria entrar, mas acabou entendendo e já não chora mais. Ele até avisa:

- Sabe mãe, hoje eu não vô chorá pa ficá na ixcola.

E não tem chorado mesmo. A professora que está no portão pega a mochila dele, segura em sua mão e o acompanha até a sala. Ele se afasta com um sorriso e vai acenando para mim. Mas, hoje foi diferente e quem chorou foi a mãe dele. A professora pegou a mochila, colocou-a nas costas dele e disse-lhe:

- Pode ir Dado, a tia Pri tá lá na sala esperando você.

Ele me olhou triste, eu estava do lado de fora do portão. Sorriu timidamente, acenou e foi andando pela calçada que leva ao interior do prédio. A visão do meu menininho sozinho, andando com a mochila nas costas e aquele sorrisinho cortou meu coração. Pensei:

“Tadinho, está sozinho!” – Mas ele pareceu não ligar muito. Foi andando devagar e eu não consigo parar de pensar naquela cena de um caminhar solitário. Tive a sensação de que aquela seria a primeira vez que meu menino enfrentaria o mundo sem mim. Tive ímpetos de ir ao encontro dele, segurar-lhe a mão e acompanhá-lo. Sei que isso o faria feliz, mas entendi que aquela seria só a primeira caminhada independente da vida dele. Ele precisará enfrentar muitas outras ao longo de sua história. Naquele momento experimentei o que milhares de mães ao redor do mundo experimentam: senti-me dividida entre o querer e o dever.

Fico me perguntando se algum dia este sentimento de querer participar de cada passo dos filhos acaba. Creio que não. Há momentos em que caminhar ao lado deles, segurando-lhe a mãozinha, é benéfico e positivo, mas há momentos em que é necessário para a saúde emocional deles que lhes soltemos a mão e os deixemos caminhar sozinhos, que façam as próprias descobertas, enfrentem seus medos. Mesmo que a gente fique olhando de longe com lágrimas escorrendo pelos olhos e um aperto sem fim no peito.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Evangélicos brasileiros e discípulos de Cristo

 

Há muitos cristãos brasileiros estarrecidos diante do cenário político, que já não se separa mais do religioso.

É uma situação extremamente grave, aviltante, humilhante para aqueles seguem a Cristo.

Fique aqui posto que, quando falo de Cristo, não estou me referindo à alguma religião fundada por homens em nome dele.

Estou falando de cidadãos que encontraram nele a razão de viver e seguem-no dia-a-dia. Estes não precisam de uma religião para sentirem-se legitimados.

Quem conhece um pouco da vida de Cristo quando esteve nesta terra sabe que ele não tinha intenção alguma de fundar uma nova religião.

Ele veio para ser o salvador de pessoas, para ser um modelo de Ser Humano para todos. Quem pelos caminhos dele trilha, tornar-se um Ser Humano mais humano, mais próximo daquilo para o que fomos criados.

Mas o homem tem sede pelo poder, pela dominância, sente prazer em sentir-se superior ao seu semelhante. 

Por causa disso, o chamado de Cristo para andar junto, vira instituição cristã liderada, controlada e dominada pelo Império estatal de Constantino (lá pelos anos 300 d.C.).

Todo tipo de podridão do coração humano enraizou-se na instituição chamada igreja cristã.

Os ensinos do Cristo foram esquecidos e desprezados em detrimento do poder, da ganância, do controle comportamental e moralista que detinham sobre a população.

A miséria social, a fome, a desigualdade já não eram mais vistas como pecado social, mas como um selecionador de quem era de Deus e de quem não era, de quem era digno de ser chamado filho de Deus e aqueles que não teriam essa honra concedida única e exclusivamente pela igreja.

Séculos se passaram e tudo aquilo que Jesus Cristo ensinou estava esquecido e enterrado debaixo de rituais eclesiásticos, banimentos e castigos físicos, normalização da miséria e legalização da desigualdade social. Tudo era visto como a vontade de deus.

Então, um homem atormentado por seu pecado, torna-se um clérigo e entende as palavras de Cristo sobre a graça salvadora. E ele muda o rumo da história religiosa-política.

Foi o monge Martinho Lutero que deu o pontapé inicial para a Reforma Protestante e, depois dele, outros vieram e dividiram a única instituição cristã que havia até então, em duas. De um lado, os “Protestantes Reformados” e do outro os “Católicos”.

Atualmente, quando falamos de Reforma, estamos nos referindo especificamente aos textos de Calvino que, depois de Lutero, é o mais popular dentre os reformadores.

No entanto, quando falamos de Protestantes, estamos evocando o nome de todos eles, dezenas e dezenas de homens que dedicaram suas vidas para trazer à luz o evangelho da graça de Cristo.  

Estes homens trouxeram à lembrança dos cristãos o que foi que Cristo ensinou sobre salvação.

Aprendemos que a salvação é pela graça, isso quer dizer que Deus salva o homem pelos méritos de Cristo.

Não há nada que o homem possa fazer para salvar-se a si próprio, mas Cristo fez tudo o que era necessário.

A nós, cabe-nos ter fé nos méritos de Cristo e viver uma vida de gratidão por um bem recebido sem merecimento e, constrangidos pelo amor, vamos nos tornando mais parecidos com ele.

Mas o ensino Protestante também se perdeu na obscuridade da alma humana.

O que presenciamos no Brasil hoje é fruto de mais distorções do evangelho da graça.

Distorções estas que criaram dezenas, senão centenas, de denominações evangélicas empenhadas em “evangelizar”.

Acontece que essa “evangelização” nada tem a ver com o Evangelho que Cristo pregou ou com os ensinamentos dos protestantes.

Os evangélicos pregam a salvação através da aprovação de Deus.

Para eu ser salvo, eu preciso ter a aprovação de Deus, e só a tem quem se comporta de tal ou tal forma.

Daí vem o discurso moralista comportamental, quando a meritocracia tem mais audiência do que a graça.  

Por isso é tão comum entre os evangélicos aquela lista interminável de “pode” e “não pode”.

Ser evangélico é ser reconhecido pelos itens que a pessoa cumpre ou deixa de cumprir.

Quando alguém deixa de cumprir um item da lista, é repreendido, humilhado publicamente e, por vezes, expulso do meio evangélico.

Daí a quantidade de denominações evangélicas existentes. Alguém que é expulso de uma comunidade, inconformado, funda sua própria denominação onde se torna o oráculo das regras e aquele que decide o que é permitido e o que não é.

Esse moralismo comportamental força os evangélicos a não aceitarem em seu meio aqueles que são ‘diferentes’, ou aqueles que não conseguem viver por sua cartilha.

Por isso encontramos entre eles tantos homofóbicos, misóginos, preconceituosos, ditadores compulsivos, arrogantes.

Embebidos pelo poder, eles acreditam que podem dominar o Brasil, pois é o “Brasil acima de tudo, e deus acima de todos”.

Na visão destes evangélicos, a fé é o poder. Pela fé, eles acreditam que podem governar um país impondo suas listinhas de deveres e sanções aos desobedientes.

Aprendemos com o evangelho de Cristo que a fé não é um poder. E o poder também não é a fé.

A fé é um elemento de convicção, mas não emana dela poder algum.

O poder é o Evangelho.

O poder é o próprio Cristo.

É revestido de fé Nele que o discípulo poderá viver como Cristo viveu neste mundo.

Essa fé faz com que o homem que está dela revestido possa viver uma vida de serviço e de amor, como Cristo viveu.

Mas os evangélicos usam a fé como sendo um poder para ganhar mais poder e travar batalhas espirituais contra aquilo que impede o avanço de seu poder.

As bases bolsonaristas estão na teologia da batalha espiritual e da prosperidade, e não na teologia da graça.

A convicção que eles têm de serem superiores e melhores porque são os eleitos de Deus é resultado de uma vulgarização do calvinismo ao longo da história.

A doutrina da eleição que Calvino ensinou foi vulgarizada e deu lugar a um discurso de privilégios que leva à segregação e estabelece uma relação de meritocracia entre os fieis e não fieis.

O cerne do que Calvino pregava era a graça, mas acabou se tornando apenas um discurso de hegemonia por causa da doutrina da eleição.

Isso leva a uma lógica de puro moralismo, pois é necessário ter a aprovação de Deus através das obras.

Essa relação que os evangélicos atuais têm com Deus é de poder e não mais de amor.

Se eu preciso da aprovação de Deus, então preciso ser moralmente correto, ou não serei aceito.

Ora, isso exclui completamente o elemento “amor”.

Só o amor é capaz de conviver com o contraditório, o poder não.

O poder exclui. O amor inclui e liberta.

Para quem vive pelo evangelho e para o evangelho, tem como mediador apenas a Trindade, o Cristo é o mediador.

Não é necessário um oráculo humano validando minha crença e muito menos uma instituição.

Mas, para os evangélicos, tanto a instituição como o oráculo – aquele homem de deus a quem todos devem ouvir e jamais questionar – são extremamente necessários para o avanço do poder.

Portanto, o moralismo pragmático que os evangélicos insistem em proclamar, e pelo qual excluem seres humanos, é totalmente contrário ao evangelho ensinado por Cristo.

É necessário ter cautela para saber discernir entre os evangélicos e os discípulos de Cristo.

Um discípulo perdoa e aceita seu semelhante porque sabe que também foi perdoado e aceito por Cristo, sem nada merecer.

Um discípulo de Cristo vai ser guiado pelo amor que recebeu do Mestre, e não pelo poder e sua sedução.

Um discípulo vai posicionar-se em favor do oprimido e não do opressor.

Um discípulo vai transbordar amor porque ele foi alvo de um amor maior, e sua resposta ao mundo não pode ser outra senão o serviço amoroso ao próximo.

Assim sendo, quando você ver e ouvir sobre as loucuras dos evangélicos, saiba que há um grupo de discípulos de Cristo que não concorda e não apoia os evangélicos deste país.

Há que se saber separar quem são os evangélicos e quem são os discípulos.

 

Texto de Lia Silva (baseado na aula aberta ministrada por Ariovaldo Ramos em 02/09/2002)

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Feliz só por ser Eu Mesmo

Você já percebeu como é fácil comparar-se aos outros?

Mesmo que a gente se conheça bem, olhamos para outra pessoa e achamos que ela está ou é melhor.

Quantas vezes você pensou: Se eu tivesse o cabelo ou a roupa ou a forma certa ... 

Se ao menos eu fosse mais alta ou mais rápida ou mais ousada ou mais engraçada ... 

Há uma velha história de um rei que foi ao seu jardim e encontrou tudo murcho e morto. 

Perguntou ao carvalho o que estava errado. O carvalho disse que estava cansado de viver porque não era tão alto e bonito como o pinheiro. 

O pinheiro estava derrubando espinhos porque não podia cultivar uvas como a videira. 

E a videira deixou-se murchar porque não podia ficar ereta e alta como o pessegueiro. 

Todas as plantas do jardim estavam descontentes e queriam ser algo diferente, exceto a violeta. Ela ficou com o rosto feliz voltado para o sol. 

O rei perguntou à pequena flor porque era tão feliz e contente quando todas as outras plantas no jardim eram tão miseráveis. 

"Bem", disse a flor, "imaginei que se você quisesse um grande carvalho, um pinheiro ou um pessegueiro no lugar, teria plantado um; mas você me plantou uma violeta. Desde que eu soube que você me queria violeta, eu decidi ser a melhor violetinha que eu posso ser."

Você foi feita (o) pelo Criador todo-poderoso com um propósito em mente. 

Desejar ser outra coisa senão quem você é, é apenas roubar seu tempo, energia e alegria. 

Mas quando você se vê como Deus te fez, você percebe quão grande você realmente é. 

Então você pode parar de se concentrar em outras pessoas e concentrar-se em suas próprias bênçãos. 

Só você descobrirá que está pronta(o) para todos os planos e aventuras que Deus tem para você. 

Querido Senhor, ajude-me a parar de me comparar com outras pessoas e me preocupar com as coisas que acho que me faltam. 
Obrigada por todos os presentes que você me deu. Mostre-me como posso usá-los da melhor maneira para sua glória. Amém. 

"Eu já aprendi a contentar-me com o que tenho." (São Paulo aos Filipenses)

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

3 atitudes para diminuir a ansiedade durante a quarentena

Qual o nível da sua ansiedade durante este tempo de isolamento social?

O que você tem feito para tentar controlar ou mesmo diminuir esta ansiedade?

Quero falar sobre três atitudes simples e possíveis que poderão te ajudar a diminuir o nível diário de sua ansiedade.

 

1. Transforme sua angústia em oração

Há diversos motivos que estão tornando as pessoas cada dia mais ansiosas:

·        Falta de emprego

·        Insegurança pelo futuro

·        Medo de ser contaminado pela Covid-19

·        Tumulto pelo excesso de pessoas e crianças em casa o tempo todo

·        Crianças que demandam ajuda para as aulas online

·        Solidão por não poder sociabilizar

·        Falta de opção de lazer

·        Tédio

E você pode ir complementando esta lista ....

Toda sua energia está sendo gasta com os outros, com as diversas demandas e você não consegue parar para dar atenção à angustia que te consome, certo?

E se, quando você sai da cama pela manhã, em vez de sair já fazendo um monte de coisas ou permitindo que diversos pensamentos te dominem, você simplesmente parasse e limpasse sua mente?

Antes de o dia começar, permita-se ter um momento a sós com você mesmo. Pelo menos um minuto para ouvir seus próprios pensamentos e encontrar-se com Deus.

Quais suas expectativas para o dia de hoje?

O que de fato está ao alcance de suas mãos para ser feito?

Ao tomar consciência de suas angústias, uma oração simples pode ser feita.

Uma oração de entrega.

Diga a Deus o que lhe aflige e peça-lhe que leve este peso e deixe no lugar a paz, a leveza e a alegria que você precisa para atravessar este novo dia.

Não permita que pensamentos do futuro te assaltem, e se eles vierem, entregue-os também a Deus em uma oração simples.

Viva um dia de cada vez.

A atitude de usar sua energia para orar ao invés de se preocupar, vai trazer um grande alívio à sua alma.

Ao longo dia, cada vez que um pensamento de ansiedade te alcançar, repita a oração pedindo a Deus que leve isso para longe de você e deixe sua alegria no lugar.

O antídoto para a ansiedade é a oração.

2. Desenvolva a prática da gratidão

A segunda atitude para diminuir seu nível de ansiedade é ser grato. A gratidão é a porta de entrada para a felicidade. Ninguém poderá ser feliz um dia sem antes ser grato.

Procure nos detalhes da sua rotina diária motivos pelos quais você pode ser grato, mas não tem sido.

Mesmo em meio ao desastre e ao caos existem motivos para ser grato. Mesmo que seja apenas pelas lições que você pode aprender com a dor.

O que você vê aí ao seu redor que poderia agradecer?

·        Há comida?

·        Há um teto sobre sua cabeça?

·        Há cobertores e roupas suficientes para te agasalhar?

·        Você tem uma fonte de renda? (se sim, está melhor do que milhares de brasileiros neste momento)

·        Sua família está com saúde?  (se não, aproveite para fazer uma oração de petição por isso)

·        Você tem um meio para locomover-se?

·        Seus acessos à internet e outros meios de comunicação estão funcionando?

·        Quais são algumas das suas experiências passadas que demonstram a presença e o cuidado amoroso de Deus em sua vida?

E você pode dar continuidade à esta lista ...

A gratidão é algo que se aprende. É um exercício que precisamos praticar todos os dias para virar rotina de vida.

Por outro lado, a ingratidão rouba nossa alegria.

A gratidão profunda e contínua cura o pessimismo, o derrotismo e a fatalidade cega. O cristão que cultiva o hábito de agradecer a Deus pelo que ele é e pelo que ele faz dificilmente terá crises de desânimo. Não abrigará no coração a presença incômoda e doentia do queixume e da amargura. Será uma pessoa mais saudável, mais disposta, mais dinâmica”. (Elben Cezar, 2017)

 

3. Alimente a alma com bons pensamentos

A terceira atitude que você pode praticar para diminuir sua ansiedade é alimentar bem os seus pensamentos.

Nossa vida é um reflexo daquilo com o que alimentamos nossos pensamentos.

Não é possível ser alegre e nem será possível passar pela crise sendo emocionalmente saudável se você não filtrar aquilo com o que alimenta a sua alma, ou se você não for seletivo com o que ouve e vê.

Traga à sua memória aquilo que pode te dar esperança.

Recuse-se a ver, assistir ou ouvir aquilo que alimenta suas neuroses, sua angústia e suas preocupações.

Gaste suas energias alimentando seu pensamento com aquilo que é bom, verdadeiro, nobre e direito, fixe seus pensamentos em coisas que sejam puras e agradáveis e detenha-se nas coisas excelentes.

Conforme você for se exercitando nestas 3 atitudes intencionais, você verá que sua ansiedade irá gradualmente diminuir e você passará a experimentar uma paz incompreensível.

Esta paz é consequência das orações, da prática da gratidão e do alimento que você oferece à sua alma.


Se você quiser ler um pouco mais sobre este assunto, indicamos o e-book: Alegria em Tempos de Covid-19. Acesse: https://www.amazon.com.br/Alegria-Tempos-COVID-19-poss%C3%ADvel-pandemia-ebook/dp/B0895PGMJS/ref=sr_1_2?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=lia+silva&qid=1598898450&sr=8-2

Tempo, tempo, tempo...