terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Uma História de Escravidão e Liberdade


Eu fui escravo.
Meus pais foram escravos.
Meus avós eram escravos.
Meus bisavós foram escravos.
Na verdade, todos os meus antepassados foram escravos.
O lugar onde servíamos, aparentemente, não era ruim. Na verdade, tudo que fazíamos não era tão ruim assim, nós sentíamos prazer no que fazíamos, afinal, eram as únicas coisas das quais tínhamos conhecimento. Para ser sincero, nem tínhamos muita consciência de que éramos escravos.
Aparentemente, nosso senhor não era mau, permitia-nos fazer aquilo que gostávamos. Não éramos forçados a nada. Não tínhamos uma vida ruim, tudo que queríamos, aquilo que nos dava prazer, tínhamos e podíamos realizar. Mas éramos escravos, não tínhamos valor, e mal sabíamos disso. Não tínhamos idéia do que nosso senhor faria conosco quando julgasse que já éramos descartáveis. O futuro sempre foi algo incerto.
Talvez fosse por isso que nada me satisfazia, falo agora por mim, não por meus familiares. Dificilmente alguém reconhecia a própria infelicidade. Eu tinha prazer nas coisas, mas não era realmente feliz. Algo faltava em mim, mas não sabia o que era. Por esta razão, me envolvi cada vez com mais meus afazeres, realizando tudo o que meu senhor me oferecia, mas dando atenção especial àquilo que me trazia prazer, mesmo que temporário. Eu não sabia que lugar horrível era o que estava! Nem tampouco sabia do poder maléfico de meu senhor.
Um dia, num daqueles melancólicos, chegou o ‘Senhor mais famoso do mundo’. O meu senhor tinha medo dele, todos que já tinham ouvido falar dele, o respeitavam muito. E ele estava lá, quase na minha frente. Fiquei perplexo, como o ‘Senhor mais importante do Mundo’ estava indo nos visitar, a nós, escravos insignificantes? Sim, pois não havia como deixar de ser escravo, não havia como deixar as propriedades do nosso senhor. Mesmo que quiséssemos, era impossível, afinal, éramos escravos, pertencíamos a ele, não podíamos simplesmente querer sair dali. Essa era nossa vida. Era tudo que conhecíamos. Mal tínhamos consciência de que existia algo mais, outro lugar que não este em que vivíamos.
O que sabíamos é que existia um Senhor mais poderoso que o nosso, mas pouco podíamos fazer, pois não havia como conhecê-lo. A não ser, é claro, que Ele mesmo resolvesse se fazer conhecido. E era o que estava acontecendo. Ele vinha ao meu encontro. Podia ver algo diferente no sorriso dele, o que descobri mais tarde, seria o que preencheria meu vazio interior. Ele se aproximou de alguns que me cercavam, quando ele chegou até mim, me olhou com olhos transbordantes de alegria, e disse-me:
“- Filho, a partir de hoje, você não é mais escravo. Eu te comprei, você é meu.”
“- O Senhor me comprou?” Eu perguntei perplexo, não podia acreditar naquilo. “- Mas por que? O que foi que fiz para ser comprado pelo ‘Senhor mais Importante do Mundo’? Não há nada que eu possa fazer pelo Senhor!”
“- Não te comprei pelo valor que você tem. Te comprei para te dar valor. Te comprei porque meu Pai e eu te amamos, e o preço que paguei por você foi muito alto: você valeu o meu sangue! Você não é mais escravo do pecado. Seu senhor não é mais o Diabo. Você é meu, te perdoei e te comprei. Agora você é livre. Seu único dever é me seguir. Venha!”
Eu estava estarrecido. Sabia que não merecia aquilo. Não tinha feito nada para merecer e nem seria capaz de fazer nada para recompensá-lo. Afinal, eu era um reles escravo do Diabo, coberto até o pescoço por meus pecados, não tinha porque ser resgatado assim, de graça, pelo ‘Senhor Mais Importante do Universo’. Fui perdoado, resgatado, o gesto de amor Dele, em morrer por mim, encheu meu coração, completando o que faltava. E a única coisa que ele pedia em troca era segui-lo. Como poderia ficar ali, parado? É claro que o segui. Agora eu sentia que tinha algum valor, eu poderia confiar em algum tipo de futuro, pois o ‘Senhor Mais Importante do Mundo’ tinha dado a vida dele por mim, o que mais um escravo poderia querer? Eu estava completo, satisfeito, feliz de verdade, pela primeira vez. O amor dele fez com que eu me amasse e me aceitasse, tal como Ele me aceitara.
Conforme fui conhecendo meu novo Senhor, fui me apaixonando por ele. Hoje, eu o amo de coração e alma. Ele me mostrou como eu andara longe dele quando fazia somente o que me dava prazer. Pude ver como estava atolado e preso nos meus pecados, escravizado. Meu próprio senhor havia me cegado com aquela lastimável situação. Eu não tinha escapatória, receberia a morte eterna como salário por meus pecados.
Quando penso que Jesus, ‘ O Senhor Mais Importante do Mundo’, me tirou do poder do diabo, de quem eu era escravo, me comprou, resgatando-me e perdoando-me e assim, me deu uma nova vida, eu vejo como seu amor é gracioso. Longe de toda escravidão e tristeza.
Nem todos meus familiares saíram de lá. Alguns deles ficaram. Em parte porque não puderam ver a realidade da vida deles, não acreditaram que eram escravos e precisavam da libertação que Jesus estava lhes oferecendo. E em parte, porque próprio Senhor não quis revelar-se a eles. Quando questionei meu Senhor sobre o porque disso, se Ele não amava tanto a eles quanto a mim, Ele me respondeu com firmeza, mas muito amor:
“- Eu tenho misericórdia de quem quero ter misericórdia. Isso não depende de quem quer, mas depende de meu Pai, que tem misericórdia de quem quer ter misericórdia. À uns, dou a chance de me seguirem, a outros, endureço o coração. Mas, porque, tu que és homem somente, reclamas ainda? Quem você pensa que é para discutir com Deus? Por acaso, pode a criatura questionar ao Criador: por que me fizeste assim? Não tem, o Dono e Criador do Universo, o direito de criar alguns para honra e outros para desonra? (conf. Rm. 9.15-21)
Não mais o questionei sobre isso. Sabia que Ele tinha razão. Se Ele é o Criador do Universo, o ‘Senhor Mais Importante da Terra’, o Deus soberano, Ele pode mesmo fazer o que quiser. Amo-o ainda mais por isso, pois Ele teria todo o direito de me rejeitar, como rejeitou Esaú, Faraó, meus familiares, e outros. Mas Ele não me rejeitou, me escolheu, me salvou, e isso não é arrogância minha, é reconhecer meu lugar, pois sei que nada tenho melhor que os outros, que merecia mesmo morrer atolado nos pecados e no inferno em que estava. Mesmo assim, Ele resolveu me salvar, eu não era digno, mas Ele me amou. Portanto, honras e glórias sejam dadas somente a Ele, Ele é soberano e pode escolher quem quiser!
E tem mais. Ele pediu-me para sair pelo mundo e contar às pessoas o que Ele fez: morreu para salvá-las da escravidão do pecado. Então, eu perguntei:
“- Senhor, como saberei a quem falar?” Ele me respondeu com amor:
“- Seu dever é ir e falar. Falar a todos, sem acepção de pessoas. Quem convence os homens do pecado é o Espírito Santo, seu dever é ir. Apenas vá e cumpra seu dever, o mais sou Eu quem faço.” Feliz, completo e satisfeito, eu respondi:
“- Sim, Senhor, eis-me aqui. Irei contar o que o senhor fez por mim e pode fazer por todos. Pois é o Senhor quem realiza no homem tanto o querer quanto o realizar.” (conf. Fp. 2.13)
Foi assim que deixei de ser escravo e passei a ser livre. Livre para amar, para obedecer a doce e agradável vontade do meu novo Senhor. O Senhor Jesus, que prometeu-me uma vida eterna, ao lado de Deus Pai, cheio de paz, alegria e verdadeira felicidade. Não tenho idéia do tempo de duração da vida eterna, precisa mesmo ser eterna, pois se não for, tenho a impressão que será pequena para dar à Ele toda glória que Ele merece. Que somente Ele merece.

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O Vazio